A Quadra Comunitária de Tubarão foi palco do VI Encontro de Samba de Roda realizado, neste domingo, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Repleto de muita ancestralidade, alegria e trocas de energia, o evento tem como uma das finalidades, destacar e comemorar a cultura afroíndigena. A cada batida de viola, berimbau, agogô, chocalho, pandeiro, reco-reco e atabaque, as pessoas presentes - em sua maioria formada por mulheres -, expressavam por meio das danças, o quanto são movidas pelo amor vibrante que sentem samba de roda.
Emocionada, a coordenadora do festival, Natureza Acácio França, falou sobre o sentimento de realizar mais uma edição do evento, que é mantido sem patrocínio de órgãos públicos. "Assim que eu cheguei na quadra , fui olhar o caboclo, que simboliza o tupinambá (grupo indígena). A sensação que eu tenho é de que aceitei o chamado, mais uma vez, para cumprir a missão de reunir diferentes pessoas e grupos. Ao mesmo tempo, é o tapa na cara de tudo aquilo que vai contra ao nosso festival", declarou Natureza.
O festejo tradicional recebeu vários grupos que também mantêm viva e forte a cultura e história da roda de samba, como As Ganhadeiras de Itapuã, Matriarca do Samba (Quilombo Alto do Tororó), Matriarca do Samba (Quilombo Alto do Tororó), Mães no Couro (Paripe), Samba de roda de mestra Aurinda da Ilhota, Samba de Dona Dalva (Cachoeira) e outros. "Costumo dizer que meu coração não pulsa, ele samba. Os grupos de roda de samba são um trabalho coletivo e que fortalecem uns aos outros. E, para a cultura popular, que ainda passa por muita perseguição nessa sociedade, esse fortalecimento é muito importante”, disse Verônica Mucuna, integrante das Ganhadeiras.
Economia local
O evento serviu, também, para ajudar microempreendedores. Barracas com itens de acessórios femininos, camisas personalizadas, culinária e outros, quebraram um galho dos comerciários da região. O stand com abará foi um dos mais procurados pela galera. Porém, a atenção do público e dos integrantes do grupo, estava de fato, na energia das rodas de samba que aconteciam na quadra. “Essa é a segunda vez que participamos do festival e, nele, conseguimos unir os samba de quilombos, trazendo o samba de terreiro. Por isso essa alegria. Além disso, somos resistência”, destacou Ana Paixão, participante do grupo Mais no Couro.